terça-feira, 13 de abril de 2010

Os legais e os retardados


Há um tempo atrás fui numa festinha de turma de colegial com uma amiga. Era na casa de um garoto, apenas com as pessoas da turma (e nós, invasoras). A festa em si foi um saco, mas foi ótima para fazer observações.

Estávamos conversando com uma das meninas, simpática até, que descobri que tinha uma irmã gêmea. Curiosa que sou, perguntei onde estava a irmã (adoro ver duas pessoas iguais), o que foi respondido mais ou menos assim: "Ah, ela não veio. Não participa muito dessas coisas da turma, é meio retardada".

Imediatamente pensei: "hm".

Olhei em volta. Em um canto, um casal se pegando ardentemente. Em outro, três meninas bebendo vodka, fumando e conversando sobre o Fulano que pegou a Cicrana na festa de Beltrano. Em outro, um grupo de garotos conversando sobre quem era a mais gostosa da festa e por fim, ao meu lado, um garoto pedia pra ficar com minha amiga - sendo que a namorada dele estava sentada ali, há poucos metros de distância.

Esse pessoal seria facilmente classificado como "os legais", "os descolados". Super cool. Certamente preenchiam todos os quesitos: eram bonitos, bebiam, fumavam, estavam bem vestidos e tinham corpos bem sarados. A suposta "retardada" provavelmente estava no conforto de sua casa, lendo um livro ou vendo um filme enquanto toma um chocolate quente.

Não pude deixar de me perguntar: quem foi o imbecil que fez essa classificação? Quero dizer, por que os retardados são aqueles que preferem um suco a um copo de vodka, preferem assistir ao jornal do que ir a uma balada e preferem escrever textos no computador ao invés de gastar horas na academia?

É um tantinho irônico. Não vi pessoa alguma por lá discutindo sobre o caso Nardoni, tão em destaque no dia. Não vi ninguém comentar sobre a crise da Grécia, sobre a investigação do Arruda. Por outro lado, o assunto Vestibular surgia de hora em hora. Ufa.

Então é isso. Os "legais" são os que não sabem nada sobre o que se passa em sua volta, e, se sabem, se importam tanto quanto uma laranja (poxa, nem está diretamente relacionado à vida deles!!), são os que quase entram em coma alcóolico no fim de cada festa, são os que matam aula pra fumar no barzinho mais próximo.

Exemplificando, para finalizar, pego a tragédia que aconteceu nesta última semana. Enchente, desabamento, mortes, gente desabrigada, arrastões. Enquanto os "retardados" iam ajudar com doações e trabalhos voluntários, eis que vejo um grupo dos super descolados da cidade na praia... surfando.

Certamente estavam querendo aliviar o estresse. A balada do dia anterior deve ter sido cansativa.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Vendo dez lágrimas por um sorriso


Hoje, enquanto lia o livro A Cabana, um pensamento me veio à mente.

Desde quando a arte de fazer rir se tornou tão... desvalorizada??

Não me entendam mal, eu acho a Comédia algo fantástico, mas parece que esta não é a opinião geral ultimamente.

Quero dizer, qual é o último filme de comédia indicado ao Oscar do qual você se lembra? O último livro de comédia a ganhar um Pultizer? Eu não me lembro de nenhum.

E com isso me veio a pergunta... por quê?

Por que os livros de drama, como A Cabana, Cidade do Sol, entre outros, parecem ser tão mais prestigiados do que os de comédia? Não que sejam livros ruins, porque não são, mas quem declarou que são mais ricos do que um que te mata de rir? Por que quando alguém quer parecer cult, intelectual, carrega A Menina que Roubava Livros na mochila, e não um Delírios de Consumo de Becky Bloom? Por que o blogueiro que escreve textos sérios, bonitos e repletos de metáfora parece tão mais bom-escritor do que aquele que diverte seus leitores com seu atrapalhado dia-a-dia?

Acho que hoje acreditamos que fazer rir é muito fácil, enquanto que emocionar é uma tarefa árdua. Uma comédia parece algo frívolo, um passatempo, enquanto que um drama engajado é coisa de gente inteligente. Uma lágrima vale dez risos.

Eu, pessoalmente, discordo. Acho que um livro que me divirta, me faça rir, tem tanto valor quanto qualquer outro. Acho que o filme Se Beber Não Case merece tanto o Oscar quanto Milk. Acho que Luís Fernando Veríssimo merece tanto reconhecimento internacional quanto Paulo Coelho.

Acredito que já vivemos em um mundo suficientemente dramático, e que grande é aquele que consegue enxergar um motivo para rir em meio a tudo isso.

Então viva Meg Cabot, Sophie Kinsella, roteiristas de Friends e muitos mais. Está na hora da comédia ser levada à sério!!

E é isso aí, galere.

Beijocas

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Santa Paciência...


Se tem alguém que realmente merece o título de santidade, é a dona Paciência. Sério. Eu tenho grande admiração por aqueles que possuem esta grandiosa virtude, por que ela certamente não me pertence. E definitivamente não pertence à grande parcela da população.

Quantas vezes você não se viu parado em uma fila (por menor que seja), encarando com aquele olhar de desprezo (embora secretamente você quisesse estar fazendo o mesmo) um homem que esbravejava com a pobre funcionária sobre os looongos cinco minutos que ele esteve esperando? Ou viu uma senhora reclamar para o garçom que o suco que ela pediu há três minutos ainda não havia chegado?

Eu mesma me considerava bem paciente. Mas de duas uma: ou eu nunca fui paciente coisa nenhuma, ou minha paciência foi se deteriorando com o tempo. Estou indo com a segunda opção (até que me provem o contrário).

Quero dizer, antigamente eu conseguia esperar em filas sem reclamar, esperava duas horas pelo meu suco, tudo isso. Hoje em dia só de ver três pessoas alinhadas em frente ao caixa das Lojas Americanas sinto náuseas.

Não tenho mais paciência com pessoas excessivamente faladeiras em sala de aula, não tenho mais paciência com infantilidades, não tenho mais paciência para discussões bobas.

Filas, dá pra enfrentar. Esperas, também. Mas destes itens citados acima, peço encarecidamente que me poupem.

Com esse humilde pedido, finalizo meu primeiro post.

Até a próxima, beijocas.